sábado, 13 de julho de 2019

[O AUTOR] – A Alameda dos Algodões Flutuantes – Mogg Mester

Olá, preciosos acompanhantes do Cantinho da Traça, estou aqui hoje para falar um pouco da obra que tenho publicada, a mesma do título desta postagem: A Alameda dos Algodões Flutuantes.

Esta obra é uma antologia de contos inspirada por alguns autores nacionais a quem muito aprecio. Dois deles em específico: Lygia Fagundes Telles e Fernando Sabino. Claro, há outros contos e autores que me inspiraram, mas os dois mestres acima foram os principais. 

Quero ressaltar que contos com atmosfera non sense, assim como músicas (aqui incluam as músicas do maior cantor nacional, para mim, Raul Seixas), sempre me atraíram. Melhor, me fascinaram. Na escola secundarista, quando a professora nos mandavas ler trechos de contos, eu ficava "viajando na maionese", estupefato com as produções nacionais. 

Algumas delas me marcaram tanto que passei a desejar produzir algo das suas atmosferas absurdas - porque para mim a vida é absurda -, quando decidi começar a escrever. Esbocei uma tentativa ridícula aos onze anos, mas desisti porque não soube lidar com as chacotas de dois parentes meus.



Aos dezoito anos, ao passar no vestibular para Medicina Veterinária, comecei a ousar, e após escrever algumas poesias ridículas (a maior parte hoje não mais existe), já escrevia pequenos contos - que depois viraram papel picado e já não existem também -, em um caderninho meu. O mais curioso é que as ideias vinham como entes vivos que subiam à superfície de minha consciência através de um porejamento lento. Aí, então, eu vomitava tudo no papel, de forma catártica, e depois jogava fora.

O tempo passou e vieram outras coisas. Esqueci a literatura e essas divagações por algum tempo. Foi quando, aos 25 anos conheci uma pessoa que me deu uma resposta a perguntas que eu muito me fazia: Por que gosto tanto de vilões? É patológico?

Essa mulher, hoje já morta, perguntou-me se eu torcia pelos vilões na vida real e eu neguei. Perguntou novamente, e eu neguei outra vez. Ela me respondeu: " Acho que isso tem algo a ver com seu senso estético de mundo. Acho que você tem um escritor reprimido dentro de você". 

Ah, a anima! Fabulosa essência inconsciente que se manifesta na forma de mulher (para o homem)!

Comecei a escrever depois disso. Iniciei pela inacabada obra (mas não morta, ela um dia voltará, mesmo que seja por e-book) A Auriflama do Caos, exatamente porque era o que eu mais tinha facilidade de escrever: temas de RPG. Eu tinha muito contato, e dominava alguma coisa, por isso comecei por aí.



Anos se passaram e eu comecei a sentir que queria escrever algo além de fantasia medieval. Foi quando me lembrei dos contos de Fagundes Telles (minha musa brasileira da literatura) e Sabino (pessoal, esse camarada tem cada obra...), lidos anos antes. A atmosfera do absurdo voltou a pinicar por trás de minhas orelhas.

Contos como "O Homem Nu" (Sabino), "A Caçada" (Fagundes Telles), "O Homem de Cabeça de Papelão" (João do Rio), "O Homem do Furo na Mão" (Ignácio de Loyola Brandão), dentre outros, alicerçaram meu desejo por escrever textos com a mesma essência. Eu amo a literatura do estranho.

Iniciei então, em 2012, uma antologia sem prazo para terminar. Inspirado em mafumeiras que existiam próximas do local onde eu trabalhava (hoje, absurdamente mortas pela prefeitura do município para dar espaço ao gigante de concreto, o BRT, mas eu guardei as sementes de algumas delas, a-há!), comecei a dar vazão a essa essência.

No começo, os contos faziam parte de um romance que estou começando a escrever agora, e visavam contar histórias de alguns personagens. Mas então surgiu Sergio Carmach em 2017 e sua pergunta provocadora: "Lucas, tem alguma obra curta pronta?. Pronto. Ele havia mexido comigo. Em outro momento, Sergio me explicou que estava iniciando uma nova editora, a Verlidelas, e que pretendia lançar inicialmente três autores, com livros curtos, de até 100 páginas e que o texto tivesse qualidade. Eu apresentei a ideia da antologia, ele solicitou uma amostra, enviei um conto (O livro que não terminei de ler), ele gostou, enviei a obra, ele aprovou. Fechamos contrato.


Momento e Ruptura
 

Desatrelei os contos do romance e hoje tenho a antologia A Alameda dos Algodões Flutuantes publicada. Esta trata de um lugar, uma alameda, onde mafumeiras que a ladeiam, promovem um estranho evento: soltam para o mundo uma substância semelhante a algodão, em um processo nomeado pelos moradores de "choro das árvores". Quando isso acontece, pessoas têm suas vidas transformadas, seja para melhor ou para pior.

Cada conto, então, traz a história de alguém que teve sua vida modificada no momento em que as árvores "choram algodão". São onze contos aos quais busquei dar nomes que representassem sua essência calcada no absurdo. Foram escolhidos com cuidado e surgiram em momentos de intensa observação do cotidiano humano.

São eles: Quando as Mafumeiras Choram Algodão; O Livro Que Não Terminei De Ler; O Momento e a Ruptura; Vitrine de Misérias; O Colecionador de Garda-chuvas; O Morador da Caixa de Papelão; O Clube da Mangueira; Nada Digno de Nota; A Torre Depois da Janela; A Disputa; O Último Voo do Zangão.

Para você que ainda não conhece a obra, seguem alguns links que podem lhe mostrar mais sobre ela:







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