segunda-feira, 1 de julho de 2019

[LITERATURA] – Mundo Escrito – Qual o papel da Literatura no mundo de hoje?

Olá, moradores dos meandros de papel, estou mais uma vez reativando o blog, após uma reformulação pessoal do meu estilo de escrita e da própria ideia do que pretendo fazer aqui. 

É que decidi acrescentar algumas coisas a mais para além de apenas resenhas sobre livros que li. Pensei em adicionar uma série de posts com pensamentos, dicas, opiniões, entrevistas, textos ou trechos deles (meus ou de outrem), vídeos ou qualquer coisa que eu ache interessante para autores. Viso com isso compartilhar um pouquinho da minha  experiência à comunidade literária brasileira.

Hoje, retorno trazendo um vídeo publicado pelo site Mundo Escrito (aqui), no qual participei como um dos autores que respondem à pergunta "Qual o papel da Literatura no mundo de hoje?".

 
Começo dizendo: não foi uma experiência nova para mim, uma vez que já participei de um vídeo do Clube de Autores de Fantasia (CAF), do qual participo como integrante. Apesar disso, foi algo desafiador, primeiro porque gravei  em um celular e, segundo, porque não tinha um espaço que eu julgava adequado para realizar a gravação. Resultado: a qualidade do meu vídeo ficou horrível.

Quando recebi a proposta do colega e amigo Fabio Shiva, fiquei muito empolgado, ainda mais quando via as perguntas. Achei que seria mais simples que o vídeo que produzi no CAF e que não teria grandes dificuldades. E isso foi um grande engano.

Responder tais perguntinhas em trinta segundos (cada uma) foi complexo. Tive que pensar bem no que diria e ainda assim precisei resumir ainda mais, apesar do desejo de falar, falar, falar... Foram horas e muitos vídeos produzindo o conteúdo. E mesmo assim não fiquei satisfeito com o meu resultado.

Apesar disso, ver a edição final realizada pelo site foi animador. A organização do vídeo ficou excelente, aos meus olhos. As opiniões dos autores participantes foram muito sensatas e diversas. Enriquecedoras. E com isso também ganhei alguma experiência.

Essa atividade me lembrou de uma obra que produzi com Fábio Shiva, Sergio Carmach e outros autores, no ano de 2016: Escritores perguntam, Escritores respondem: Escrever para quê? Ele foi lançado pela editora Cogito, e organizado por Fábio Shiva e Ivan de Almeida, revisado pelo próprio Shiva. Na obra, os doze autores discutem temas ligados à literatura, cada um com uma opinião própria, uma visão própria construída sobre sua experiência pessoal da arte da escrita (aqui).



Vejo nesse tipo de iniciativa uma coisa positiva, pois além de oportunizar o conhecimento de outros autores e suas obras, também nos tira de uma alienação que por vezes podemos cair quando ficamos muito isolados.

Quanto ao conteúdo do vídeo, na page do Mundo Escrito, no Facebook, consta que respondi isso: "Para mim, o papel mais importante que a literatura tem hoje é exatamente a transdução de tudo aquilo que o autor capta e que mobiliza ele de alguma forma; ele observa no mundo para o leitor. E ele vai usar exatamente os seus textos, as suas histórias, para fazer essa transdução e comunicar tudo aquilo que, para ele, de fato é importante. Então, o maior papel da literatura é a comunicação."

Pelo que recordo, o tempo do vídeo foi algo próximo de 30 segundos. Repeti algumas palavras, falei complicado e, para alguns, até usei um termo que não se encaixa na literatura: transdução. Este é um termo usado tanto na física como na biologia, com  significados diferentes em cada uma. Mas a ideia que usei foi exatamente a de transformação de uma forma de energia em outra.

Mas, Mogg, que maluquice é essa de usar um termo da física à literatura?

Bem, confesso, a ideia não foi minha. Lento o livro de uma colega, a professora Denise Ramos (A psique do corpo) vi o termo transdução. Lá, ele foi empregado para descrever o processo de transformação de energia psíquica (vista pela através das lentes da teoria junguiana), corrente em processos conflituais inconscientes, em sintomas físicos, como as doenças. Transformados em produtos orgânicos, eles atuam como símbolos que a psique produz para tornar consciente um conflito pessoal (um complexo constelado).

Extrapolei o conceito para a atividade da escrita. Nesse uso, considero que as vivências do dia, as experiências e observações do autor, ou melhor, tudo aquilo que pode ser convertido em material literário, passa não só por uma tradução  transformação de uma linguagem em outra), mas também por uma transdução. Essa "energia" movimentada na psique por essas vivências e experiências, pelos atritos com esse mundo complicado e mesquinho no qual sobrevivemos, pode ser transduzida pelo autor através do trabalho de tradução dessas vivências de conteúdo psíquico para conteúdo literário, associado com o árduo trabalho da escrita (trabalho). Considere-se a escrita como todo o processo de produção do texto, revisão, reescrita, releitura... Incluam-se ai todas as emoções, as sensações e processos correlacionados.

A comunicação, então, se daria como um resultado desse processo. A peça chave para que ela aconteça, e que tenha algum sentido, é o leitor. Por isso ele "observa o mundo para o leitor", pois traz sua visão, sua percepção transduzida, possibilitada de ser apreendida por meio do texto.

Pode ser até uma besteira o que digo, mas não tenho preocupação nenhuma em comprovar isso cientificamente, fazer sentido para os outros, nem mesmo ser aceito (até mesmo pelos físicos que eventualmente venham a criticar essa iniciativa). Não intento também desenvolver nenhuma teoria, como fez a colega Denise Ramos em seu competente livro. Apenas estou explicando o que pensava ao falar de "transdução" no vídeo.


Claro, se alguém desejar, podemos juntos buscar um esclarecimento melhor para a ideia.

Segue abaixo o link o vídeo Qual o papel da Literatura no mundo de hoje?

Um grande abraço a todos,
M.M



Nenhum comentário:

Postar um comentário