sábado, 14 de fevereiro de 2015

[OPINIÃO] – Contos Apimentados – Porque sou baiano…



Olá, prezados aventureiros das páginas de papel, que a cola da vida mantenha as suas páginas sempre juntas para jamais se desmantelarem…

E a frase de efeito do dia é: “Nunca é uma palavra longa demais”. – J.R.R Tolkien

Um de muitos livros
Hoje estamos aqui para falar de uma antologia de contos Made in Bahia. Venho divulgar a obra de uma autora baiana, arretada, de muito respeito e prestígio no meio literário baiano. Ela fundou a editora Pimenta Malagueta, editora com raízes nordestinas, e é conhecida como Miriam de Sales.

É importante saber que Miriam é autora com nome conhecido internacionalmente e nacionalmente, a exemplo de sua participação constante em eventos como Salão Internacional de Turim, seletas de contos e revistas e jornais do meio literário. Tem uma revista onde publica textos de autores baianos, com edição impressa, O Beco das Palavras, além de inúmeros blogs e perfis no Facebook.

Logomarca da Pimenta Malagueta

Com 126 páginas de contos e crônicas realmente apimentados, todos ambientados no Estado da Bahia, a obra conta um pouco mais sobre esta terra incompreendida pelas outras "tribos tupiniquins", seu povo, seus costumes, tradições, dizeres e, o melhor de tudo, humor.

Os textos são curtos, práticos e muito bem humorados. Neles, Miriam leva seu leitor a momentos em que  se pega rindo sem perceber. O efeito, além de terapêutico, é crônico e aprofundado.

A autora em um de seus eventos internacionais
Esperta em seus estilos, sagaz e diretiva em sua forma de abordar o cotidiano, a autora mostra com essa obra que a literatura baiana tem o que acrescentar ao macrocosmo literário nacional. Ela fica cara a cara com autores renomados como Jorge Amado, João Ubaldo Ribeiro, Zélia Gattai e outros nomes conhecidos de nosso país.

Dos contos, os que mais me chamaram a atenção foram A mulher do Genival, Adereços, Escola para as noivas, O troco, Testemunha ocular e Um erro médico.

A autora com um banner de uma de suas produções

O livro é uma boa pedida para um fim de semana meio sonolento e sem graça (para dar uma acordada), dias corridos que pedem uma leitura rápida e que dê gosto ao correr do dia a dia que precise de um ardor abaianado.
M.M

Sobre a autora:

Miriam de Sales Oliveira nasceu em Salvador, Bahia. É professora formada pela Faculdade de Filosofia da Bahia, escritora por vocação, estudiosa de História e Literatura. Como pedagoga especializou-se em Piaget e Maria Montessori, ministrando cursos sobre esses mestres em várias escolas particulares de Salvador. Escreve para vários sites e jornais e é membro da Academia Poçoense de Letras e Artes, ocupando a cadeira 55. É Membro da Academia de Cultura da Bahia e da Academia de Letras Y Artes de Buenos Ayres, Secretária Executiva da Câmara do Livro da Bahia.

Vencedora do concurso “Minha estória de amor com a Perini” (out/09)
Colaborou c/a Revista “Bons Fluidos”, como estudiosa da cultura negra, folclore brasileiro e História do Brasil e de Portugal.
Palestras na II Flimar sobre Escolha de Profissões, Educação Ambiental e Internet.
Palestra em Paraty,durante a FLIP sobre A Bahia de Outrora"

Livros publicados:
Textos Seletos (Ed. Pensata)
Livro da Família (Ed. All Print)
Maktub (1º livro digital baiano), (KatePhotoArt)
Contos e Causos (Ed. Seven)
A Bahia de outrora (Via Litterarum Editora)
Antologia Cidade Vol. IV (L&A Editora)
Antologia Alma Brasileira: Um Dia de Esperança (Virtual Books)
(Fonte:https://br.linkedin.com/in/miriam-de-sales-oliveira-b2995228)

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

[Periapto da Asfixia] - Sonhos - Quando eles se tornam um pesadelo

"Quando você sabe quais são os sonhos das pessoas, você pode manipulá-las"
                                                                     Terry Pratchett


Jamais vi colocação mais verdadeira. Prattchett, sendo um grande escritor de livros cômicos que é, é um homem privilegiado por insights incríveis. Por isso sou fã dele.

No instante em que ele fala de sonho aqui, ele está falando, para mim, dos sucessos almejados que todos nós temos em nossas vidas. Ele está falando do quão presas as pessoas se tornam aos seus sonhos. Até onde vão para a realização destes e o quanto isso pode ser usado contra elas mesmas.

Segundo Zygmunt Bauman, o Gênio do Líquido, grande visionário do panorama de nossa sociedade pós moderna e inspirador de L.F. Pondé, vivemos em um mundo em que tudo se tornou fluido, fugidio, fugaz; nossas próprias identidades  já não conseguem ser mais do que uma sombra passageira dentro desse turbilhão caótico que se tornou o desenvolver-se dentro do tempo e espaço. Tornamo-nos imediatistas.

Zygmunt Bauman
Intolerantes para com a frustração, o fracasso e outras milongas mais, fragilizamo-nos para a inexorabilidade do mundo. A natureza implacável não aceita fazer nossas vontades de criança, embora seja obrigada a, por vezes obedecer alguns intentos. Mas, no final ela leva a melhor.

Nessa sede pela posse, pelo sucesso, pelo brilho, consumo e prazer, tornamo-nos também escravos. De nós mesmos. Aí é que entram os sonhos. Transformamos os nossos sonhos em objetivo mor de nossas vidas, a pedra guia de nossos atos, e nem sequer paramos para pensar que eles podem nos conduzir para um abismo.

Foto fantástica
Claro, com a ilusão de uma satisfação duradoura, todos tornam-se cegos. O sonho, a partir daí, vira uma ferramenta perigosa de condução. Ferramenta de que o capitalismo, o comércio, os aduladores, hipócritas, cínicos e mentirosos se usam para conseguir vantagens absurdas. Os sonhos perdem seu contorno inicial e transformam-se em compulsão, direcionada unicamente para a satisfação final; o orgasmo consumista que nos toma e depois perde o sentido porque já passou. Virou passado, tralha temporal. O carro do ano, a mansão, a mulher (ou homem) cobiçados: tudo isso volta a ser sapo depois do gozo. Vem aquela sensação de "Bem, não era bem isso que eu imaginei..." e "Meu deus, fiz tudo aquilo por isso?". 

Somos então pessoas manipuladas. Confundidos, sem saber o que é sonho autêntico e o que é sonho imposto, introduzido em nossas cabeças,  cedemos cada vez mais à ação. Vendemo-nos à realização deles, "a qualquer custo". Somos autômatos que compram celurares da última geração a cada 2 meses, ou "comem" uma mulher em cada esquina (ou "dormem" com um homem em cada esquina). Os horrores de se pagar pelo corpo tornam-se normais; o fantasma da ética uiva imaterial e esquecido no cemitério de fracassos onde foi enterrado. O que vale é o agora.

Thimoty Leary, PhD em Psicologia, Professor da Havard, começou a contracultura. Foi sufocado, asfixiado, por que previu uma verdade perigosa. Os americanos não suportaram o câncer que eles mesmos criaram e sustentaram com o intuito de manipular. Leary se voltou contra eles. Ele criou o movimento da Contracultura, algo que ia de encontro a essa "manipulação líquida". Fez um vídeo nos orientando (clique aqui para ver a parte um, o resto você procura no youtube) a fugir desse estado. Ele veio como um arauto de um tempo que jamais virá.

O cara foi tão importante e pouco se fala sobre ele e sua batalha. Os Beatles fizeram a música Come together para Leary. Mas nada impediu os manipuladores de sufocá-lo.

Timothy Leary - o guru do LSD

Os sonhos continuarão nos motivando, sejam eles próprios ou impostos. São o que mantém a vida suportável dentro de sua "insuportabilidade". Como ilusões de um por vir, prenunciam o concreto, mas não o garantem. São etéreos, imateriais. Frágeis como fumaça. 
 
Não são as promessas, porém, aquelas que mais nos seduzem? Não são elas que nos fazem querer crer, mesmo quando são proferidas levianamente?

Portanto, sonhemos. Jamais percamos de vista, entretanto, o  fato de sermos alvos fáceis enquanto nos mantemos cegamente no caminho da realização de um sonho. Persigamo-los cientes de que seremos aliciados. Sempre.


Finalizo o post com o clipe de Come Together, do Beattles, feito para Leary.
Abraço a todos,
Mogg Mester