Olá, caro leitor do Cantinho da Traça,
que o bolor dos livros não se instale em suas vidas!
E a frase do dia é: “Melhor
ser odiado pelo que você é, do que ser amado pelo que você não é”. André Gide
Estou aqui hoje para
falar de mais um livro que mexeu comigo em meus tempos mais primitivos de leitor. Falo da obra de suspense e horror de Frank de Fellita, "A Entidade". Este post contém alguns SPOILERS!
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O autor |
A edição que tinha comigo era antiga, pertenceu a meu pai e foi minha herança de literatura) até que decidi que não a leria mais e que a passaria adiante, em um sebo. Com sua capa e quarta capa vermelhas e sem letras, a obra me interessou pelo título presente na lombada cor bege. Não cheguei a ver o nome da editora, nem naquela época me interessava por isso, de forma que posto abaixo a imagem de uma edição a título de curiosidade.
"A Entidade" traz a história de uma mulher, Carllota, que tem uma vida normal no referente aos padrões sociais ocidentais (americanos) da década de 1970. Vida "normal" até que seja destruída por eventos aparentemente surreais.
"A Entidade" traz a história de uma mulher, Carllota, que tem uma vida normal no referente aos padrões sociais ocidentais (americanos) da década de 1970. Vida "normal" até que seja destruída por eventos aparentemente surreais.
Carllota Moran, mãe de
três filhos, Bill, Jullie e Kim, com 32 anos e dona de um corpo belo e
desejável, se vê abordada repentinamente em sua casa por um invasor invisível, um incubus,
de odor pútrido e dono de um pênis que quando a penetra lembra-lhe um “ poste
áspero, brutal”.
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Uma das edições nacionais |
À medida em que o tempo
passa, Carllota é estuprada mais e mais vezes pela entidade que a visita frequentemente. Beirando entre o absurdo e o ilógico, logo ela se vê questionando sua própria sanidade mental. Sua
vida se torna um inferno eivado pelo medo constante de estar só em casa e receber a visita indesejada. Sem
saber o que fazer, ela vai em busca de ajuda através de uma equipe de
pesquisadores universitários de paranormalidade, enquanto psiquiatras procuram
um diagnóstico para a sua suposta doença mental. Mas a entidade é esperta e
não vai se deixar ser pega e descoberta tão facilmente pelos curiosos
pesquisadores.
Longe de termos um incubus que apenas quer sexo do corpo de Carllota, temos uma entidade maligna e bruta, grosseira e monstruosa que se deleita com a dor e o sofrimento de sua vítima, enquanto esta busca desesperadamente respostas para o que está acontecendo.
Longe de termos um incubus que apenas quer sexo do corpo de Carllota, temos uma entidade maligna e bruta, grosseira e monstruosa que se deleita com a dor e o sofrimento de sua vítima, enquanto esta busca desesperadamente respostas para o que está acontecendo.
Livro
forte, denso e
muito psicológico, de evolução lenta, por vezes até chato, "A Entidade" é
um
romance que nos leva a nos perguntar: E se fosse comigo? O
que eu
faria? Como isso é possível em nosso mundo "real"? Claro que me pareceu uma figura de linguagem (apesar de dizerem que a obra é baseada em fatos) para falar dos horrores que vivem algumas mulheres prisioneiras de seus relacionamentos com homens abusivos, machistas e sem respeito algum pelo outro, que muitas vezes sentem-se sem saída para a situação.
A obra pode ser em especial incômoda pela forte grafia das cenas de violência sexual presentes. A forma como os fatos são deletérios a ponto de fragilizar a protagonista, deixando-a em um limiar entre a loucura e a obsessão espiritual (com chamariam os espíritas), é marcante.
A obra pode ser em especial incômoda pela forte grafia das cenas de violência sexual presentes. A forma como os fatos são deletérios a ponto de fragilizar a protagonista, deixando-a em um limiar entre a loucura e a obsessão espiritual (com chamariam os espíritas), é marcante.
Este é um livro que, se temos o mínimo de empatia pelos humanos, nos
faz pensar sobre os efeitos do abuso sexual em mulheres, como alteram suas
vidas e as marcas que ficam, levando-as quase sempre ao limar entre a sanidade e
a loucura.
O livro é uma boa opção
para quem gosta de suspense que envolve ciência e sobrenaturalidade. Só não
recomendo que seja lido à noite. Menos ainda pelos mais sensíveis a descrições de violência sexual.
M.M
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