sábado, 14 de setembro de 2019

[OPINIÃO] – A Entidade – Frank de Fellita



Olá, caro leitor do Cantinho da Traça, que o bolor dos livros não se instale em suas vidas!

E a frase do dia é: “Melhor ser odiado pelo que você é, do que ser amado pelo que você não é”. André Gide

Estou aqui hoje para falar de mais um livro que mexeu comigo em meus tempos mais primitivos de leitor. Falo da obra de suspense e horror de Frank de Fellita, "A Entidade". Este post contém alguns SPOILERS!

O autor
A edição que tinha comigo era antiga, pertenceu a meu pai e foi minha  herança de literatura) até que decidi que não a leria mais e que a passaria adiante, em um sebo. Com sua capa e quarta capa  vermelhas e sem letras, a obra me interessou pelo título presente na lombada cor bege. Não cheguei a ver o nome da editora, nem naquela época me interessava por isso, de forma que posto abaixo a imagem de uma edição a título de curiosidade.

"A Entidade" traz a história de uma mulher, Carllota, que tem uma vida normal no referente aos padrões sociais ocidentais (americanos) da década de 1970. Vida "normal" até que seja destruída por eventos aparentemente surreais.

Carllota Moran, mãe de três filhos, Bill, Jullie e Kim, com 32 anos e dona de um corpo belo e desejável, se vê abordada repentinamente em sua casa por um invasor invisível, um incubus, de odor pútrido e dono de um pênis que quando a penetra lembra-lhe um “ poste áspero, brutal”. 

Uma das edições nacionais
 À medida em que o tempo passa, Carllota é estuprada mais e mais vezes pela entidade que a visita frequentemente. Beirando entre o absurdo e o ilógico, logo ela se vê questionando sua própria sanidade mental. Sua vida se torna um inferno eivado pelo medo constante de estar só em casa e receber a visita indesejada. Sem saber o que fazer, ela vai em busca de ajuda através de uma equipe de pesquisadores universitários de paranormalidade, enquanto psiquiatras procuram um diagnóstico para a sua suposta doença mental. Mas a entidade é esperta e não vai se deixar ser pega e descoberta tão facilmente pelos curiosos pesquisadores.

Longe de termos um incubus que apenas quer sexo do corpo de Carllota, temos uma entidade maligna e bruta, grosseira e monstruosa que se deleita com a dor e o sofrimento de sua vítima, enquanto esta busca desesperadamente respostas para o que está acontecendo.





Livro forte, denso e muito psicológico, de evolução lenta, por vezes até chato, "A Entidade" é um romance que nos leva a nos perguntar: E se fosse comigo? O que eu faria? Como isso é possível em nosso mundo "real"? Claro que me pareceu uma figura de linguagem (apesar de dizerem que a obra é baseada em fatos) para falar dos horrores que vivem algumas mulheres prisioneiras de seus relacionamentos com homens abusivos, machistas e sem respeito algum pelo outro, que muitas vezes sentem-se sem saída para a situação. 

A obra pode ser em especial incômoda pela forte grafia das cenas de violência sexual presentes. A forma como os fatos são deletérios a ponto de fragilizar a protagonista, deixando-a em um limiar entre a loucura e a obsessão espiritual (com chamariam os espíritas), é marcante.

Este é um livro que, se temos o mínimo de empatia pelos humanos, nos faz pensar sobre os efeitos do abuso sexual em mulheres, como alteram suas vidas e as marcas que ficam, levando-as quase sempre ao limar entre a sanidade e a loucura.

O livro é uma boa opção para quem gosta de suspense que envolve ciência e sobrenaturalidade. Só não recomendo que seja lido à noite. Menos ainda pelos mais sensíveis a descrições de violência sexual.

Sobre o Autor: Frank Paul De Felitta nasceu em 03 de agosto de 1921 e faleceu em 29 de março de 2016 e foi autor, produtor e diretor de cinema. É mais conhecido por suas obras "A Entidade" e "Audrey Rose". " A Entidade", segundo algumas referências seria baseada em fatos que ocorreram com Doris Bither (Fonte: https://en.wikipedia.org/wiki/Frank_De_Felitta).


M.M

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